sexta-feira, 17 de outubro de 2014

[A beleza e as bestas] Buffy vs. Professora Walsh: as lições de uma dinâmica aluna e professora no Buffyverse



“A Professora Walsh e suas cobaias STH não estão mais seguras do que Buffy, seus amigos ou Spike. A fé da cientista de que só ela sabe o que é melhor para o Bem comum coloca todos em perigo. A professora se recusa a se aliar a caçadora porque a caçadora se recusa a seguir ordens. Tragicamente, o supersoldado da professora Walsh tem o mesmo “defeito”. Quando Adam desperta do programado, a primeira pessoa que ele mata é a “Mamãe”.” A Caça-vampiros e a Filosofia – medos e calafrios em Sunnydale pág. 103 


A quarta temporada de BTVS (1999-2000) marcou mudanças significativas para os rumos do seriado. Despedidas de queridos personagens toaram a transição de um cenário para o outro. Buffy agora se encontrava em um território diferente. Do Colegial para a Faculdade. 

Foi neste ambiente novo e surpreende e por que não dizer, hostil, que ela conheceu “a bruxa malvada da Morte”. Alcunha da Professora de Psicologia avançada de nome e renome Maggie Walsh, bem defendida pela talentosa atriz Lindsay Crouse, que dentre outras coisas, já foi indicada ao Oscar de melhor atriz coadjuvante em 1984 pelo filme Um lugar do coração

Logo no primeiro episódio (The freshman), Buffy já tinha noção do que iria enfrentar. Alguém de renome é alguém que já possui um nome e com competência e reconhecimento o reafirma. Assim Walsh se tornou o grande ídolo de Willow. O espelho que a bruxinha queria seguir no mundo em que era uma caçadora melhor que Buffy. 

Para dar vida a complexada Walsh só mesmo
uma atriz talentosa como Crouse

Ao ingressar na vida universitária, Buffy sabia que não poderia deixar de lado também o seu “trabalho” como caça-vampiros. Saber unir com extrema sabedoria estes dois vértices dependeria seu sucesso. De início, a já conhecida Scoobygang lhe deu o suporte com quem sempre contou. Contudo, as mudanças não foram assimiladas por todos e com o passar do tempo, a distância entre eles, abriu espaço para Walsh e seus meninos da Iniciativa. 

Assim como a caçadora, a professora também tinha uma identidade secreta. De dia, era uma renomada acadêmica e à noite, chefiava um Projeto governamental que tinha o intuito de combater as Forças do mal através da ciência, tecnologia e armamento bélico. Para cumprir essas várias atribuições, Walsh tinha que manter tudo a seu controle. Seu jeito sisudo, seguro e autoritário descrevia não só a sua inteligência, como também a autoridade que exigia este valioso trabalho. Desde os alunos de sua classe, até os Soldados da Iniciativa, todos sentiam seu pulso forte. Especialmente o obediente Riley Finn e o Protótipo 314, conhecido posteriormente como Adão, o primeiro de uma série que segundo ela, viria a ser uma arma perfeita na batalha dos homens contra os Demônios. Sua melhor realização, seu maior orgulho. 

Buffy e Walsh: identidades secretas na realização de trabalhos

O plano de Walsh seguia de vento em popa, sendo A Iniciativa um verdadeiro sucesso na questão de capturar, dissecar, estudar e na melhor das hipóteses, usar traços biológicos e fisiológicos dos Sub-terrestres Hostis (os STH) em favor da “Resistência” humana. Mas bastou a chegada de um Mito para tudo ruir. 

A Professora diante de um Mito

A Professora já conhecida a caçadora de nome, mas passou a conhecê-la de renome depois que esta se envolveu com seu mais promissor Soldado. O início da relação de Buffy e Riley decretou o fim do poder de Walsh sobre ele e tudo a seu redor. Se a professora se valia de seus atributos pessoais e ajuda ilimitada do Governo para realizar seus planos, a caçadora só precisava de uma estaca afiada para fazer seu trabalho. O que então aconteceria se o conhecimento tecnológico de Walsh se unisse à força primitiva de Buffy? 

Pensando nisso, Buffy aceitou um suporte bem mais abalizado. Neste processo, a Scoobygang acabou sendo trocada pela Iniciativa e suas armas. Mesmo sendo corajosos e destemidos o suficiente, Willow, Xander e Giles eram apenas humanos, sem nenhum recurso, digamos mais, palpável, para dar suporte à caçadora. Mais que uma simples troca, poderíamos somar que isso como proteção a eles também. A parceria neste caso seria um ótimo negócio para todos, mas Walsh deixou que seu conhecimento a transformasse em uma pessoa arrogante com subversão de valores. 

A Caçadora no mundo tecnológico:
parceria de ilusão

Poder primitivo

Quem assistiu ao filme Jurassic Park (1992) sabe exatamente a mensagem nele inserida que vai de acordo com as lições que professora Walsh aprenderia com Buffy e o seu mundo. “A vida não pode ser contida. A natureza sempre encontra o seu meio”. Walsh pensou que sabia exatamente como controlar tudo, inclusive o destino da caçadora. Quando percebeu que Buffy estava sendo muito inquisitiva, algo nocivo nas Forças amadas, ela tentou atraí-la para uma armadilha mortal. Em vão. “Acha que é o suficiente para me matar? Não sabe o que é uma caça-vampiros! Mas acredite em mim, você vai descobrir!” 

O trágico fim de Walsh: lições para quem viveu

E ela descobriu sim e da pior forma possível. Ao lidar com algo que ainda não conhecia a fundo como se fosse algo em que estava catedrática, a professora tirou nota zero. Primeiro foi Riley, que abriu os olhos com sua convivência com Buffy e seus amigos, os verdadeiros Mestres nestas questões. Depois com Adão, que assim como Buffy, mostrou a ela como é nascer com personalidade própria. Sendo assim em seu primeiro ato neste mundo pôs fim a sua criadora, mãe, professora.

O Major e a cabaça: incredulidade e indagações
Buffy e a turma: de volta às raízes

Com a morte de Walsh, sobrou para Buffy e sua turma limpar a bagunça que ela e toda A Iniciativa fizeram. “Eu sou a caçadora, e você está no meu território”, assim ela diz ao Major das operações em Primeval antes de enfrentar e destruir Adão com todos recursos à sua disposição. O conhecido poder do misticismo aliado à amizade verdadeira. Ela sabia que não poderia destruir a arma de Walsh sozinha, então combinou a essência de seus velhos aliados num feitiço que a tornou tão forte capaz de intrigar o curioso Adão. O protótipo sabia de tudo que envolvia conhecimento e tecnologia, mas era difícil dissecar algo que nem ele e sua “mamãe” entendiam. O universo de Buffy, um território totalmente desconhecido por eles e suas armas. 

A dinâmica aluno e professor foi bem trabalhada nesta relação entre Buffy e Walsh. Ser aluno é aprender a ouvir, ter atenção, conhecer, descobrir e acima de tudo se ter respeito a quem lhe está ensinando. Ao Professor cabe ensinar com paciência, expandir seu conhecimento, orientar aquele que se encontra perdido. Buffy e Walsh viveram cada uma a seu tempo os dois papéis. A diferença é que enquanto a “Mamãe” da Inciativa quis usar seu conhecimento para obter mais poder, a caçadora no final se fez valer de algo que nunca deveria ser esquecido pelos Mestres: o desejo de continuar aprendendo e saber como partilhar. 

6 comentários:

  1. Essa professora walsh é um tipo de professora para os alunos bagunceiros que muitas escolas daqui do Brasil precisa, eu gosto da forte postura dela diante da classe.

    Eu acho que a chegada de Buffy, a preocupou pois ela ja conquistou o coração de Riley, e poderia ser uma peça prejudicial aos experimentos da iniciativa, que pessoalmente acho que tinha boas intenções em sunnydale.

    uma pergunta: o que são cobaias STH??

    Parabens pela postagem

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    1. Devo confessar que seu comentário em relação a professora Walsh foi melhor que o meu. O país tá precisando mesmo de alguém como ela na sala de aula kkkk

      Quanto a sua questão STH quer dizer SubTerrestres Hostis, ou seja, seres que vivem no submundo e que são um perigo para a humanidade. Difíciies de serem controlados. Geralmente quando eram capturados pela Iniciativa, eram usados como experimentos, por isso eram cobaias.

      espero que minha resposta tenha satisfeito a sua dúvida. Valeu pelo comentário e obrigada.

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  2. Tirando a parte em que ela criou o vilão Adão, eu concordo com o trabalho da Walsh através da iniciativa, pois ao capturar os STH, querendo ou não, ela contribuía com um clima de paz à Sunnydale (claro que a maior parte dos méritos é da Buffy!)

    Bom Flávia, você também concorda que a Iniciativa estava indiretamente tirando o peso de Buffy, capturando as criaturas da cidade (livrando os habitantes de serem atacados), e que a caçadora pôde ter sido infeliz ao comentar que ''a natureza sempre encontra o seu meio''??

    Continue com esses posts geniais!!!

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    1. obrigada mais uma vez pela atenção William.

      Quanto a pergunta sempre achei que o trabalho da Iniciativa era muito benéfico pra humanidade, mas o problema é que a Walsh quis controlar tudo, achou que todos poderiam ser controlados, inclusive a Buffy. Foi ela quem não quis trabalhar com a caçadora, quis mandar nela e na natureza dos poderes dela. "Nós temos as armas, o meios, e eu sou muito inteligente, portanto, não há furos no projeto." Assim não acho que a Buffy tenha sido infeliz, acho que ela só falou a verdade neste caso, afinal, desrespeitar forças que não se conhece, é quase certeza de que irá perder e muito.

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  3. Gente estou assistindo a 4 temporada de buffy no box seminovo que comprei no momento e estou amandooo, esta demais essa mudança para a faculdade e essa chegada da iniciativa e do riley que é um gato. Essa walsh tá mais pra uma xuxa americana, ta com nada em querer mandar na natureza.

    beijos para todos!

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    1. Obrigada Veridiana! "Xuxa americana" foi demais!

      E continue assistindo a quarta e todas as temporadas de Buffy, vc terá fortes emoções! Beijos recíprocos!

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