quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

[Eu só tenho olhos para você] Quando é impossível se ter tudo








“Uma visão de Doyle me levou a Sunnydale e lá pude protege-la, mesmo que a distância. Não queria que soubesse que estive lá, pois já tínhamos combinado a meses que seria muito melhor pra nós dois ficar longe um do outro. Por isso vim para Los Angeles. 

Quando retornei à minha cidade, estava mais triste e sinuoso do que nunca. Cordelia e Doyle perceberam e tentavam a todo custo me fazer acreditar em algo para continuar existindo. Como sempre fui de poucas palavras, logo eles acharam que estava tentando acabar com a minha dor com uma estaca que estava em minhas mãos. Só quando viram que pretendia usá-la para calçar a mesa desnivelada, foi que se acalmaram. Foi até engraçada a cena, caro, até que ela apareceu um pouco irritada pra acabar com o clima.

Realmente ele pensou que poderia ir até Sunnydale e brincar de me espiar como fazia nos tempos em que era Angelus. Mas não. Dessa vez não. Eu tinha ido visitar meu Pai para o Dia de Ação de Graças de resolvi passar por lá para um pequeno acerto de contas. Queria dizer a ele tudo que pensava desde o momento em que nem se despediu de mim depois da batalha contra o Prefeito. Por mais que isso tudo me doesse pra valer. Cordelia, mais bronzeada, me apresentou a um tal de Doyle e ao ver minha reação fria, tratou de sumir com ele dali. Nós começamos a discutir e ele tentou se explicar dizendo que eu era tão importante pra ele que foi por isso que não contou todo o seu “plano de salvamento”. Eu disse que era bem grandinha, pois havia acontecido muita coisa na minha vida desde que ele partiu. Depois mais calmos, falamos o quanto um sentia o outro por perto, mesmo que incomodasse. Foi quando mais uma vez reafirmamos a vontade de esquecer tudo que aconteceu. Assim era melhor. E quando estava prestes a sair, um Demônio horrível entrou pela janela em pleno luz do dia. 





Aquele Monstro deu um trabalho e tanto, e quando o feri com a espada, parte do sangue, ou sei lá o que era aquela coisa verde, entrou pela minha pele. Tudo isso antes de eu e ela ficarmos cara a cara quase nos beijando. Quando levantamos do chão, ela sugeriu que fôssemos atrás dele para mata-lo. 

Pelos esgotos, ele rastreava o Demônio pelo cheiro de sangue. Um grande Dom que tem. Então critiquei a “maravilhosa equipe” que ele tinha, que nem ao menos pode ajudar com uma pesquisa detalhada a despeito do Demônio. Me assustei com um ratinho que apareceu furtivo por ali e ele me criticou por estar armada apenas com a estaca. Ele disse que cuidaria daquilo sozinho, mas eu só queria “empatar” o jogo, afinal, ele havia me ajudado em Sunnydale. 




Então agora tínhamos um placar...Engraçado isso. Seguimos o Demônio através da coisa verde que ele deixava como rastro. De repente parei e ela se preocupou comigo. Disse que me sentia estranho então ela começou a falar como também estava se sentindo estranha em ter me visto, que nada do que ela pensou anteriormente estava conseguindo concluir como. Eu realmente a perturbava, mas não era sobre isso que falara e sim, sobre a coisa verde que caiu na minha pele durante a luta. 

Pois é, então vamos esquecer meu patético momento de fraqueza e fingir que nada disso aconteceu. Ele começou a dizer o que sinceramente não gostaria de ter ouvido. Quando estamos separados parece mais fácil pra nós. Dói é verdade, mas ele aguentava. Resumindo, também era perturbador para ele. Me ver e não poder me tocar. Era insuportável. Mas ambos voltamos a concordar que tudo isso era necessário, pois nunca poderíamos ficar juntos. Ele nunca poderia me dar a vida que uma humana poderia ter. Eu sempre ia querer mais, e não podíamos por causa da maldição. É, eu estava mesmo louca pra tocar confidências no esgoto!




Tive de me desculpar (mais uma vez) com ela. Era horrível vê-la sofrendo e irritada. Ela diz que estava quase sendo feliz novamente e reafirmei que este era o benefício de ter partido. Então ela tratou de terminar aquela conversa que já tivemos tantas vezes. Até que percebemos que o Demônio havia subido para a superfície e eu não poderia ir. Mas ela podia e foi sob os meus conselhos de tomar cuidado. 

Enquanto ela o procurava lá em cima, eu percebi que ele estava aqui embaixo quando me atacou cortando minha mão. Depois de muita luta, enfim, consegui mata-lo, mas a coisa verde, o sangue dele, entrou pelo meu corte e me consumiu tão rapidamente que senti vida em mim novamente. Como pode ser? 


Ainda não tinha resposta para esta pergunta, mas só sei que Cordelia parecia nenhum pouco entusiasmada com a ideia e Doyle surpreso. Eu senti minhas costas doerem depois de muito tempo e uma fome avassaladora veio junto também. Não havia tantas guloseimas assim na Irlanda do século XVIII. Depois de detonar a geladeira, pedi a Cordelia que procurasse Buffy e avisasse que havia matado o Demônio, mas que ela não poderia ainda saber o que aconteceu comigo, pois não sabia o que era ou se era permanente. 

Enquanto esperava pelo Demônio, pensava nele e no quanto me doía vê-lo. Queria terminar aquilo tudo, equilibrar as coisas afinal, e ir embora, sumir, não vê-lo mais. Porém, quanto mais eu pedia, mas os Poderes brincavam comigo. De repente tive uma visão que meus olhos custaram acreditar. Angel saindo por detrás de uns arbustos em plena luz do dia, com seu lindo rosto iluminado. Sem cerimônias, me beijou como nunca havia beijado antes. 



Depois disso, ele me levou para sua casa onde podemos conversar. Ele me ofereceu chá se desculpando todo enrolado pelo que havia feito. Concordamos que aquele beijo tinha sido inesquecível mesmo. Ele me contou que havia conversado com os Oráculos, ponte dos Poderes que Valem, e que eles o tinham liberado da missão, pois agora como humano, ele não poderia mais servi-los. Mas eu ainda estava cética, afinal, como poderíamos saber se era permanente mesmo ou se tratava mesmo dos Poderes? Poderia ser outra coisa, uma armadilha para nós talvez. Então iríamos nos abrir pra começar tudo de novo......e depois? Não, definitivamente não gostaria de começar um ciclo de sofrimento novamente. 

Bem pra mim tudo bem esperar, afinal, mesmo que tudo fosse permanente ainda seria complicado. Ela era a caça-vampiros e eu nem sei o que eu era realmente agora. Ainda tinha a questão de deixar tudo aqui, voltar pra Sunnydale pra vida dela que estava toda diferente com ela na Faculdade e tudo. E se ela tivesse que se preocupar comigo? 

Ele montou em gráfico nada animador sobre o futuro da nossa relação. Ainda bem que nunca tive fantasias dele se tornando humano, porque hoje com certeza seria uma decepção! Enfim, me rendi ao plano maduro dele. Perguntei se a gente iria se falar por telefone ou o quê. Secamente disse que ficávamos em contato, e procuraríamos remover a tentação que a esta altura estava mais latente do que nunca. 



Quando ela tocou minha mão ao nos despedir, foi o início de tudo que tentávamos evitar heroicamente. Ente beijos ardentes, abraços apertados e carinhos á noite passamos aquela noite. Consumamos mais uma vez nossa relação, agora sem culpa e consequências. Sem o medo de me tornar um Monstro. A sensação era maravilhosa. Tão boa quanto ficar nu em frente à geladeira escolhendo o que comer. 


É perfeito! Certamente estava sonhando. Ele era humano a um minuto e já tinha um monte de quitutes gostosos na geladeira. O sonho de qualquer garota. Ele estava todo feliz, claro, sem ter perdido sua alma, dizendo o quanto gostava de comida. Me perguntou o porquê de eu nunca ter falado sobre creme de amendoim. Eu fiz uma brincadeira fazendo uma relação disso com o fato dele ter sido um vampiro antes. E a propósito, eu já havia superado a nossa necessidade de uma relação madura. O tempo que ele tinha ficado na cozinha tinha sido o suficiente. Ainda meio desajeitado, ele deixou derrubar um pouco de chocolate no peito. Imaginem só como eu limpei aquilo tudo......





Eu tinha prometido a ela que faríamos outros e vários dias e noites iguais às que estávamos vivendo naquele momento. Ele me falou que era a primeira vez que se sentia como uma garota normal adormecendo nos braços do homem que a amou. Lembrando que quando tivemos nosso momento íntimo no passado, as coisas não saíram como eu esperava e pelo que Spike me contou quando esteve aqui atrás daquele Anel, ela também tinha tido uma experiência nada agradável com um babaca na Faculdade. Confesso que me senti realmente feliz e com um detalhe todo especial: sem correr o risco de perder minha alma. Estava mais leve, solto, cheio de planos e possibilidades até Doyle me interromper no dia seguinte bem cedo com uma notícia nada animadora a despeito do Demônio. 



Pela manhã eu acordei e ele não estava.....teria tudo isso sido um sonho? Para responder as minhas dúvidas, subi até à Agência e encontrei Cordelia tentando colocar etiquetas naquilo que poderia pegar como parte de uma indenização a ela, já que não tinha mais um emprego (coisas de Cordelia!). Antes de me contar que ele tinha saído para tentar deter o tal Demônio (o mesmo que ele tinha matado), ela fez um discurso sobre ser madura (imagina isso vindo da Cordelia...). Pois é, ela falou em alto e bom tom que eu não podia ter todo. Angel e salvar o mundo. Foi então que nem dei muito ouvido ao que ela disse e parti para tentar salvar meu Amor das garras daquele Demônio nojento. 

Eu nunca tinha apanhado tanto assim. Nem na minha época de fanfarrão nos Bordeis da Irlanda. O Demônio brincava comigo, me jogando pra lá e pra cá como se eu não fosse nada. Minha cabeça, meu corpo, tudo doía pra valer. Ele me mataria certamente se ela não tivesse aparecido. Ela bem que bateu forte nele, mas o Demônio era bem mais forte e quando chegou a minha vez de tentar salvá-la, joguei um pouco de sal em seus olhos. O Demônio logo constatou aquilo que constataríamos. Juntos éramos fortes como guerreiros, separados estamos mortos. Ela está morta! Até que me lembrei de que o grande Poder dele vinha do tal “mil olhos”. A Joia na testa dele. 



Assim que desci as escadas, ela esperava por mim. Preocupada e aflita. 

- Essa cara não é porque acabou todo o chocolate da Loja....O que houve?

- Não houve nada.

- Por onde andou?

- Fui falar com os Oráculos. E pedi pra voltar a ser o que era.

- O quê? Por quê?

- Porque mais do que nunca eu sei o quanto amo você. 

- Não, você não fez isso.....

- E se continuar mortal, um de nós acabará morto, talvez os dois. Ouviu o que o Demônio falou!

- Ele morreu. Matamos ele!

- Disse que outros viriam.....

- Eles sempre veem, eles sempre virão. Isso é problema meu agora e não seu!

- Não! Não vou ficar parado olhando você lutar e morrer sozinha!

- Não. Lutaremos juntos!

- Viu o que aconteceu ontem a noite. Sou um perigo pra você. Você se arrisca pra me proteger. Isso não é ruim só pra você, é ruim pras pessoas que queremos ajudar. 

- Mas e daí? Você usou as últimas 24 horas pra avaliar os prós e contras de ser um cara qualquer e decidiu que seria mais divertido ser um Super-Herói?

- Sabe que não é isso. Como podemos ficar juntos, se o preço é sua vida, ou a vida de outros? Eu sei....eu não poderia lhe dizer....

- Eu entendo. O que acontece agora?

- Os Oráculos vão nos dar um dia de volta, voltar no tempo para que eu mate o Demônio sem que ele me torne mortal.

- Quando?

- Daqui a um minuto.



- Um minuto? Mas não é tempo suficiente! 

- Não temos escolha. Está feito.

- Então me diz como vou seguir com a minha vida sabendo que tivemos o que não podemos ter. 

- Não vai. Ninguém saberá além de mim. 

- Mas tudo que fizemos. Eu sei que tudo aconteceu. Senti seu coração bater. 

- Por favor....por favor...por favor....

- Eu nunca esquecerei.....nunca esquecerei.....nunca esquecerei..."

E nós também não! 

Um comentário:

  1. Flávia, nesse único crossover da caçadora na serie do vampiro com alma, você descreve em detalhes, a repercussão que nossa heroína sentiu quanto à aparição bem discreta de Angel em Sunnydale, e que desencadeou a vontade em tirar satisfação disso (motivo esse que a fez ir até LA)

    Mesmo com a intervenção dos poderes que valem, Angel sabia que não poderia renegar seu destino de redenção como o campeão que ajuda os fracos e oprimidos, e precisou reconhecer que não poderia desfrutar da plena felicidade com Buffy (afinal foi isso que o fez afastar-se de Sunnydale)

    Ainda sim foi um episódio que agradou aos fãs que torcem pela felicidade do casal, e que elevou as audiência da serie (que estava na decisiva 1° temporada). Muito bom!

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