domingo, 5 de fevereiro de 2017

[Meus pertences] O Sexo no Buffyverse






“Eu só acho que entendo mais o sexo agora. Não são só dois corpos se agarrando, significa Vida, de fazer Vida. Me faz sentir que somos parte de uma coisa maior, me deixando bem mais viva”


Essa bela exclamação poética veio de Anya depois de mais um momento carnal com Xander. Para ela, não se tratou apenas de um momento de troca de fluidos corporais, e sim, de uma revelação. 

Joyce havia acabado de partir, e a ex Demônia enfim, compreendeu o significado de Vida e Morte e a inserção do sexo ligando uma à outra. 

No Buffyverse nem sempre o sexo foi tratado como algo Epifânio, poético. Em alguns casos, ele serviu como necessidade pura e simples, e em outros, trouxe consequências bem piores que uma gravidez indesejada ou uma DST (Doença sexualmente transmissível).

Agora, nós do The Slayers, vamos dissecar alguns desses momentos calientes de entrega corporal:

Pra começar a falar da importância do sexo dentro das tramas vamos à raiz do problema (e que problema!). 



Buffy e Angel formavam um dos casais mais fofos de toda a história da Tv, até que a atração física entre eles tornou-se forte demais para ser contida. A Caçadora decidira então que já seria a hora de “fazer” com seu namorado. Buffy expõe a questão a uma Willow perplexa diante da resolução segura da amiga. 

Para Willow "fazer" ainda era algo ainda impensável, mas para Buffy, natural, afinal, ela e Angel estavam namorando e uma hora isso iria acontecer. 

E assim Buffy e Angel se entregaram a paixão depois do perigo eminente de Morte e uma fuga pelos esgotos. A noite parecia perfeita para a Caça-Vampiros e para seu amado Ser da noite, que no processo, alcançara a chamada felicidade perfeita. 

Contudo, o preço que tiveram de pagar acabou sendo alto demais interrompendo qualquer tipo de aproximação mais íntima para não despertar novamente o cruel Angelus. 

Reza a lenda que esta trama foi usada para mostrar que muitas vezes as garotas são vítimas de rapazes que mudam seu comportamento após transarem com elas. Na visão delas, eles se tornam Monstros, como Angelus. 

Angelus e suas provocações tiraram Buffy do sério


O casal mais inesquecível do Buffyverse ainda teria mais um momento de Amor e prazer quando Buffy foi a Los Angeles atrás de respostas. Neste processo, eles lutaram juntos contra um Demônio que tornou Angel humano. 

Nada de alma atormentada. Agora o rapaz estava livre de sua missão com os Poderes que Valem, e a primeira coisa que pensou em fazer com esta liberdade foi tomar Buffy em seus braços novamente. 



E assim, ambos viveram mais uma noite maravilhosa, com direito a muita comida e guloseimas após o Amor, e com Buffy, confessando seu desejo de dormir e acordar nos braços de seu amado como qualquer garota normal. 

Tudo se encaminhava para um final feliz entre os pombinhos, mas Angel percebeu que como humano não poderia se salvar e ajudar Buffy, ou qualquer um outro que precisasse. Ele voltou no tempo, e tudo se desfez, ficando apenas as lembranças desses lindos momentos para ele. 

Pelo lado de Buffy, por mais que amasse Angel o tempo todo, chegaria aquele momento em que um simples toque ou uma sessão de Cinema (eles assistiram juntos O Banquete de Amelia), poderia ganhar grandes proporções, neste caso teriam de ser heroicos para resistir. 

Eles nunca seriam normais, um casal normal. Angel sabia que Buffy merecia mais, e assim abriu mão de tudo que sempre quis com para liberar sua amada. 

Longe de Buffy, Angel ainda não estava certo quanto à lisura de sua alma até se entregar ao desespero perfeito com Darla, a grande profissional do ramo no Buffyverse, já que fazia muito isso antes de se tornar uma Vampira. 

As aventuras sexuais do “Ser puramente sexual”, como define sua intérprete Julie Benz, a condenaram a uma Sífilis (Doença sexualmente transmissível) que para a época era uma sentença de Morte. Depois de transformada, ela e Angelus saciavam sua sede de sangue antes, durante ou depois de muito sexo. 

Darla e Angelus: perversamente sexuais

O mundo deu muitas voltas e então Darla foi o caminho que levou Angel a ter uma revelação de volta à sua missão. O sexo entre eles trouxe clareza ao vampiro, que percebeu que tudo que vivera era real, e que com a alma intacta, ainda poderia servir aos Poderes de forma heroica como antes. 

Darla parecia inconformada e insegura diante de seu "fracasso" com Angel e sua alma. O que ela não imaginava era que aquela noite marcaria o seu, o dele e o destino de todo o mundo. 

Angel se entregou a Darla no que ele chamou de "desespero perfeito"

Livre, ele pôde se realizar sexualmente. Primeiro com Eve em um momento fora da realidade de ambos, e depois com a bela Nina, relação relâmpago e sem o apego afetivo que tinha com Buffy.




Embora Angel tenha sido o grande Amor da Caçadora, e o primeiro a quem amou fisicamente, Buffy acabou por ter outras aventuras sexuais que definiram alguns de seus momentos. 

Mal pisou na Faculdade, e ela se perdeu. Frágil e confusa, quis parecer uma garota normal entre todas, e caiu na lábia cafajeste de Parker Abrahams. 

O bonitão usou e abusou da Caça-Vampiros, que entrou estupidamente em sua Lista de mulheres que cercou e derrubou na cama. Um dos piores momentos de Buffy na série quase causou o abandono definitivo de muitos fãs. Ela passou boa parte do início da temporada choramingando pelos cantos por causa de alguém que não merecia sequer uma lágrima. Esta definitivamente não era a Buffy!

Buffy em um dos seus momentos mais estúpidos

Depois do desastre Abrahams, Buffy caiu de amores por Riley. Este sim era o tipo de homem que a merecia. Bonito, dedicado e carinhoso, Riley logo se tornou o esteio de salvação para alguém que procurava por algo seguro. 

A química entre eles no trabalho dentro da Iniciativa levou a um inevitável caminho até a cama do rapaz. O que podemos observar numa sequência memorável dentro do episódio The I in Team

Buffy e Riley: trabalho e sexo

A cumplicidade entre eles era quase perfeita. Riley estava presente em todos os momentos da vida de Buffy naquele momento. Um namorado no trabalho era um “ganho extra”, e era exatamente na cama que esta cumplicidade era mais enfática. Buffy teve com Riley tudo que não poderia ter tido com Angel dada a importância essencial do sexo dentro de um relacionamento. 

Ainda na quarta temporada, Buffy, Riley e a cama protagonizariam um episódio de essência sexual. Where The Wild Things Are mostrou como a energia sexual de um casal pode atrair muitas coisas e influenciar no comportamento. 

Na trama, a turma teve de unir forças para salvar o casal deles mesmo. Enquanto transavam repetidamente, um fenômeno de origem Poltergeist assumia a casa, desestabilizando as pessoas dali. Não se tratava de um fantasma, e sim de uma energia mística de pessoas vivas do passado. Essa energia foi deixada para trás por crianças torturadas no local por uma fanática Senhora que considerava o sexo ou qualquer aproximação entre meninos e meninas um ato pecaminoso.


A química sexual bem arrojada entre Buffy e Riley era um dos elementos importantes da relação deles até que Buffy deixou de priorizar o relacionamento com o moço, que a estas alturas, não era mais um Super Soldado. 

Riley começou a se sentir incomodado com o fato de ser um cara comum, incapaz de satisfazer Buffy em sua missão e até mesmo na cama. Assim, ele também acabou partindo, acumulando fracassos na trilha de relacionamentos da Caçadora.

Sem Riley, a trama de Buffy seguiu seu curso e ela entregou seu corpo novamente. Só que dessa vez, foi ao seu Dom, a Morte. Ressuscitada por seus amigos, ela não se sentiu conectada com nada mais como antes, a não ser o vampiro Spike. 

As trevas de Spike, e o fato dele já ter passado pelo mesmo processo (morte e ressurreição), atraíram Buffy para os braços do anti-herói. Os ex-rivais agora eram amantes na maior acepção da palavra. 

Spike e Buffy: relação de necessidade

Os encontros sexuais de Buffy e Spike eram regrados com um misto de sentimentos de ambas as partes. Para ela, uma necessidade de se sentir viva, ocupar seu espaço neste mundo. Para ele, uma grande oportunidade de consumar um sonho. 

Em suma, a ligação de Buffy com o mundo pós-ressurreição foi feita através do sexo com alguém com o qual se identificava.

À medida que foi recuperando a ligação com o mundo, Buffy foi se afastando de Spike e seu mundo sexualmente atraente. A Caçadora se deu conta do quanto estava usando o vampiro e assim ficou pronta para ser quem realmente era novamente. 

Desprezado, Spike usou o sexo para se vingar de Buffy. A escolhida foi Anya, abandonada por Xander. Ambos protagonizaram uma cena caliente sobre a mesa da Loja de Magia testemunhada por todos através das câmeras do Trio. 

Spike e Anya: Demônios sinceros e atraentes

Spike e Anya jamais estiveram apaixonados, portanto o sexo aqui foi usado única e exclusivamente para vingança. Neste caso, separar sexo de Amor ou qualquer outro tipo de sentimento mais afetivo tornou-se imprescindível. 

A especialista neste processo atende pelo nome de Faith Lehane. A Caçadora “Cinco por Cinco” é uma das figuras mais sexuais do Buffyverse. A sensualidade da moça é um ponto característico no sucesso de estar sempre com alguém em sua cama.

Embora fosse uma grande adepta de encontros carnais, Faith nunca se deixou levar por sentimentos nesta hora. Seu lema era pegar uns, e depois cair fora. E um desses foi Xander, que teve sua primeira vez com ela depois da adrenalina de uma perseguição dos amigos mortos-vivos do rapaz. 



Para Faith tudo ocorreu de forma rápida, natural e gostosa, mas Xander não sentia assim. Para o rapaz, sua primeira experiência deveria ser mais romântica, com carícias e beijos após o ato. Daí sua cara de perplexidade quando Faith praticamente o deixa nu com as roupas na mão na porta de seu quarto. 

Mais que uma opção de vida, a verdade é que Faith nunca se permitiu deixar ser amada. Talvez uma forma de se proteger de uma vida dura e cheia de decepções. Por isso, ela não entendeu porquê Riley tinha sido tão carinhoso com ela na hora do sexo. Claro, que estamos falando de quando ela e Buffy trocaram de corpos. 

Quando o Soldado se declara a Buffy/Faith, ela imediatamente se dá conta de que nem todos os homens querem apenas sexo. 


Ainda nesta sequência, vimos Willow e Tara tentando captar a verdadeira essência de Buffy e foi justamente na hora da relação sexual com Riley que tudo se deu e testemunhamos um forte envolvimento espiritual entre as duas bruxas. Em outras palavras, elas "transaram espiritualmente" através da energia de Faith naquele momento. 





A mesma experiência de quase morte levou Oz a aceitar a oferta anterior de Willow antes de enfrentarem o Prefeito, que surpresa pergunta “o que ele estaria fazendo?”, e recebe de resposta “entrando em pânico”. 

Willow e Oz "entrando em pânico"


O pânico se firma como um dos motivadores para o sexo na sequência da sétima temporada de BUFFY em que todos os pares resolvem se entregar antes da Batalha final. E esta sequência trouxe uma inesperada confissão do Primeiro Mal.

Como não tinha uma forma corpórea, o Mal original sentiu inveja dos humanos que podem se tocar, sentir. Claro que ele não falava romanticamente. 

“Quero sentir o pescoço de um inocente se partir” é uma cantada que todos deveriam dispensar, mas fato é que mais uma vez o sexo é usado como ferramenta para se sentir parte de alguma coisa. 

O Primeiro entendendo a necessidade
dos humanos em tocar uns nos outros


Talvez fosse essa a mesma sensação de Olivia, a amiga londrina de Giles descrita por Anya (sempre ela) como “sua amiga de orgasmos” dando um ponto a existência não só dela como a do ex Sentinela naquela época. 

Cordelia também estava vivendo um momento de crise existencial quando foi sugada por um Portal indo parar no mundo de Pylea. 

No mundo real ela era tratada como uma qualquer que para ser notada teria de usar um biquíni ínfimo num comercial de qualidade duvidosa. Em Pylea, suas visões a fizeram a Princesa Regente do local até ter de se acasalar com o famoso Groosalugg e através do chamado comshuck ter de passar seu Dom para ele.


Porém nesta época Cordelia já estava aceitando melhor sua missão com os Poderes, e negou ter relações com o Campeão de Pylea. Algo que só viria a acontecer tempos depois quando Groosalugg seria deposto de seu cargo e chegar ao nosso mundo. 

Neste tempo, para não perder as visões, Cordelia teve a ajuda de Angel e Wesley, que conseguiram uma fórmula demoníaca no Mercado Negro para que ela pudesse ter com Groo. 

As aventuras sexuais de Cordelia sempre foram complicadas. Basta lembrar do rapaz bonito e rico que a infectou com a semente de um Demônio. Mas nada se compara ao que viria depois com Connor Angel. 

O filho de Angel nunca se sentiu parte de nada e acabou sendo facilmente enredado por uma manipuladora Cordelia. 

Connor achou que estava realizando não só um desejo natural humano, como também uma vitória sobre seu Pai, que tinha sentimentos por Cordelia. 

Connor e Cordelia em uma das sequências
mais desprezíveis do Buffyverse

A relação entre eles chegou ao ápice na concepção de Jasmine. E mesmo com toda a verdade exposta, a necessidade do rapaz se sobrepôs ao bom senso. 

Bom senso que passou longe de Wesley, deslocado após um rompimento com Angel e a turma, caindo nos braços perversos e puramente sexuais de Lilah. Uma ligação que a mim não fez nenhum sentido a não ser por este prisma.



Outro prisma interessante de se notar é sob o ponto de vista dos Vilões. Voltando ao Primeiro, quando entrou literalmente em Calleb, ele pôde realizar parte de seu desejo naquele momento. 

Para tornar mais real à situação, o Primeiro provocava Calleb com expressões usadas por garotas mundanas na hora do sexo. Para Calleb aquela era uma experiência sagrada, única, especial. Assim como a primeira vez de alguém, não poderia jamais ser corrompida por coisas vulgares. 

O Primeiro e Caleb: uma dupla em plena química do Mal

Já a Deusa exilada Glory fala da dificuldade de se tornar mais íntima de alguém que devota sua vida a seguir um preceito, quando captura um Cavaleiro de Bizâncio. “Qual o problema de vocês tipo religiosos? Ah...já sei! É a intimidade”...

Neste momento, Glory se porta em palavras e atitudes como uma mulher experiente tentando seduzir um rapaz virgem disposta a arrancar dele informações sobre a Chave. 



Esses são exemplos de conotações sexuais ou alusões ao mesmo, que ainda podemos observar no sexo oral que Buffy Bot pratica em Spike em Intervention e Willow beijando intimamente Tara nos lençóis de Once more with Feeling. Sequências um pouco mais fortes de serem mostradas, tanto que a última foi proibida em alguns países mais conservadores. 

Como parte essencial da existência humana, o sexo agrega mais que uma troca de experiências corporais. Ele define através da personalidade de cada um seu grau de importância. 

Para as tramas arrojadas do Buffyverse, ele se deu como um elemento que ajudou a enriquecer a história complexa de nossos amados personagens equiparando vilões e mocinhos, vivos e mortos, humanos e Demônios e todos aqueles que já vivenciam seu poder. 

Sem dúvida uma experiência e tanto. 

E aí, foi bom pra vocês?

Um comentário:

  1. Experiência boa Flávia, esta de compreender como o sexo foi tratado no buffyverse.

    Uma das coisas que dei ponto e trago para o mundo fora da ficção é de que nem todos os homens separam amor e sexo, mas que faz um completar o outro. Xander e Riley foram os exemplos!!!

    Outro ponto, é essa questão de nem sempre o sexo é contato físico. Até por sensações, telepatia, etc. Exemplos de Glory, Willow & Tara e Calleb

    Agora o que fica concreto, é que por mais que Buffy e Angel se relacionem com outras pessoas, não conseguem perdurar esse vínculo de amor e sexo devido aos seus destinos de combatentes do Mal. E o ruim é que eles também não podem viver juntos devido ao risco de Angel perder sua alma na plena felicidade ao estarem fazendo amor!

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