terça-feira, 26 de agosto de 2014

[A beleza e as bestas] Buffy e Wilkins: separados por uma batalha, unidos por uma graduação



“No poder a séculos e tendo feito um pacto secreto com as piores forças das trevas que podemos imaginar, o personagem do prefeito personifica um estereótipo comum de todos os políticos profissionais americanos. No entanto, seu ar de paizão das comédias da década de 50 e seu compromisso verbal com a vida limpa e os valores familiares indicavam que ele não era um liberal permissivo.” A caça-vampiros e a Filosofia – Medos e calafrios em Sunnydale págs. 249-250

Amigos caçadores, para estrear mais uma seção aqui no Portal , vamos tentar entender melhor o embate que se seguiu entre o carismático Prefeito vilão e nossa eterna heroína. 

Wilkins vs. Buffy: a política como pano de fundo
para mais uma Batalha da caçadora

A terceira temporada de BTVS (1998 – 1999) nos abriu a oportunidade de conhecer melhor a história de Sunnydale. Antes só sabíamos que a cidade tinha sido construída em cima da chamada Boca do Inferno que atraía os mais variados tipos de Monstros e seres do Mal. Ao nos apresentar Richard Wilkins III, a trama, que naquela época colhia os louros da bem-vinda sucedida segunda temporada, deu mais um salto de qualidade com a construção perfeita do vilão pelo ator comediante Harry Groener

Groener doou um pouco de talento cômico ao vilão mais engraçado do Buffyverse

Enquanto Buffy lidava com seus problemas “profissionais” e pessoais como a reaparição misteriosa de Angel, que num determinado momento rachou a Scoobygang, e uma caça-vampiros com personalidade distinta e perigosa, Wilkins agia em segredo como um “bom Prefeito”, o cidadão acima de qualquer suspeita. Poucos o conhecem por seu verdadeiro nome, pois o personagem ficou imortalizado por O Prefeito. Ele faz parte daquela categoria de políticos ditadores que literalmente se perpetuam no cargo, afinal, tinha mais de 100 anos de idade. Na busca desenfreada pelo poder, fundou a cidade de Sunnydale acima da Boca do Inferno entregando sua alma às Forças Ocultas e sempre fazia um ritual aqui e outro ali para manter este intercâmbio maligno. Fato e atitudes que estranhamente camuflam uma figura surpreendentemente simpática. Além de carregar o ônus que toda a politicagem traz, ele carrega também uma instigante controvérsia de personalidade. É algo que os vilões da série sempre demonstraram. Nuances bem exploradas que protelam uma miscelânea de sentimentos em nós. Trata-se de um Ser tão diabólico a ponto de sacrificar crianças, mas ao mesmo tempo, frágil ao ponto de se escarnecer de germes e se preocupar com uma boa alimentação. Uma figura literalmente, e com a marca registrada do seriado.

Wilkins e suas múltiplas faces: personagem instigante

Ao se unir a caçadora Faith na metade da temporada, o personagem cresceu ainda mais em todos os quesitos já citados. A relação de ambos era como um pai que Faith nunca teve e uma filha que Wilkins gostaria de ter tido. A parceria trouxe muitos aborrecimentos para Buffy e sua turma, especialmente em sua relação com Angel quando num plano do Prefeito, Faith tentou arrancar a alma do vampiro e trazê-lo para o lado deles. Com o insucesso do plano, Willkins se valeu de outra arma: o futuro incerto de uma relação de caça-vampiros e vampiro de quase dois séculos e meio. Como era um homem mais vivido, Willkins logo jogou a centelha verdadeira diante deste fato no meio do casal. Este foi o estopim para o fim do casal Bangel, que terminou com o vampiro indo embora da cidade depois do confronto final entre Wilkins e Buffy.

Mais que uma dupla de vilões, Wilkins e Faith formaram uma família


O Dia da graduação

Graduação significa crescer, ascender, tornar-se maior. Algo que tanto Buffy quanto Willkins almejaram durante toda a temporada. A caçadora num momento decisivo com o fim do Colegial, seu futuro perto ou longe de Sunnydale e seu romance com Angel, e o Prefeito com os preparativos para o dia de sua Ascensão. 

A data marcaria o início de uma nova Era para Sunnydale, que poderia se estender pelo mundo afora. Wilkins queria tempos de Trevas para todos tornando-se um Demônio puro de grandes proporções. Demorou um pouco para a turma descobrir seu plano nefasto, mas no fim, Buffy conseguiu equilibrar todas as suas forças bélicas e do coração, e o grande dia terminou com o Prefeito/Cobra gigante/Demônio/Wilkins indo para os ares com o Sunnydale High, numa clara alusão ao fim do Colegial. 

A sequência de destruição do Prefeito: um dos grandes momentos do seriado

Buffy e Willkins fazem parte daquele estilo de mocinhos e vilões sem qualquer padrão de preto ou branco. Sustentados pelo padrão de qualidade BTVS. Ambos são graduados como fortes personalidades e ajudam a tornar-se inesquecível o Buffyverse, seus personagens e histórias. 

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

terça-feira, 19 de agosto de 2014

[A Eternidade] Faith e Dawn no filme The Scribler

Por ``Teel´´ Faith Lehane


O Elenco de Buffy se tornou tão especial para nós –fãs- ao longo dos anos, que quando alguns dos atores trabalham juntos em algum novo projeto é sempre motivo para se comemorar. Se você é desses que adora essas mini reuniões do nosso elenco preferido, vem ai um filme que traz Faith e Dawn juntas. E o melhor ainda, o filme tem tudo para ser ótimo!


O HQ de The Scribbler publicado pela editora Image em 2006 e desenhada por Dan Shaffer (também roteirista do filme), conta a história de Suki, uma garota que busca tratar sua desordem de múltiplas personalidades com uma máquina chamada “The Burn Siamese”. Próxima de encontrar a cura, Suki teme agora que a última e maligna personalidade que restou possa ser quem ela realmente é.


Na adaptação, Suki será interpretada pela atriz Katie Cassidy (Arrow). Já Eliza Dushku, interpretará Silk Sattelites, uma policial que terá grande impacto na história de Katie; e Michelle Trachtenberg será Alice, em que não se tem muitas informações sobre sua personagem, mas podemos conferir o visual bem diferente que a atriz vai usar durante o filme.




quinta-feira, 14 de agosto de 2014

[Mais uma vez com sentimento] Welcome To The Hellmouth: O início de uma saga de sucesso


Por "Dave" The Bloody

Como se trata do primeiro episódio, que é divido em duas partes, eu não serei muito objetivo, tentarei destrincha-lo de forma resumida e comentar pontos importantes. Pois bem, ele começa de forma curiosa, onde um casal de adolescentes decide trocar carícias num colégio à noite. 

(Você vai adorar este lugar)

(Parece perfeito)

É quando tanto o rapaz da relação quanto o telespectador é surpreendido com a feição demoníaca e as presas da garota que o acompanhava.

(Ok, eu retiro o que disse sobre perfeição, ^^)


O início da série deixa evidente que o lado do terror, mesmo que leve, não passará percebido. A maquiagem vampiresca é convincente, principalmente para a época, e a expressão demoníaca se distancia daquelas versões sedutoras, o que não impede deles atraírem com o seu rosto humano.

Depois do ataque, nós temos o primeiro contato com a personagem principal da série, Buffy Summers (Sarah Michelle Gellar), que está tendo pesadelo com coisas macabras até que sua a mãe a desperta para ir ao colégio.

(Estranho...)


Levando em conta os acontecimentos do filme de 1992, Buffy e sua mãe, Joyce (Kristine Sutherland), foram meio que “forçadas” a saírem de Los Angeles e decidiram morar numa cidade do interior, Sunnydale. O motivo da mudança é que no clímax do filme, Buffy enfrenta vampiros no baile, e na série é informado que depois ela queima o ginásio, o que lhe faz ser expulsa.

A cena em que Joyce leva sua filha para o colégio e lhe diz que irá arrumar novos amigos mostra que há uma boa química entre as atrizes e um laço materno convincente. Mas dentro desse laço, também há preocupação, Joyce quer ficar próxima pra se certificar que Buffy não causará mais problemas (Que injustiça, hein? Ah se ela soubesse que sua filha é uma heroína...).

(Buffy superfeliz por ser tratada como criança, ^^)

Falando nessa cena, em nível de curiosidade, essa foi a última a ser gravada na primeira temporada, um bom acréscimo nas edições finais, =D. Agora, seguindo em frente, é no colégio Sunnydale que Buffy conhece aqueles que serão seu apoio tanto na amizade quanto em suas aventuras contra as forças místicas. Mas vamos por partes.

Como Buffy veio da cidade grande, não podia ficar longe do radar daquelas que se veem acima dos outros estudantes. É nesse contexto que conhecemos Cordelia Chase (Charisma Carpenter), uma jovem que preza pela imagem e a separação dos “vencedores e perdedores” (uma leve crítica a certos rótulos que existem na fase do colegial). 

(Cordelia dizendo como as coisas funcionam)

Apesar de Buffy já ter sido patricinha, toda hierarquia exposta por Cordelia não a influencia, que decide arriscar em amizades potencialmente verdadeiras: Xander (Nicholas Brendon) Willow (Alyson Hannigan) e Jesse (Erik Balfour), que se encontram na classe dos “perdedores”.

Xander é o tipo de cara zoeiro, mas sincero, e a chegada de Buffy chamou muito a sua atenção. Até demais eu diria.

(Dica: não fixe os olhos numa garota
enquanto anda de skate ^^) 

E se ele já ficou admirado num contato a distância, o que dizer quando ele trocou palavras com ela?

(Xander ajudando Buffy a recolher
seus pertences do chão)

Mas a beleza e a voz da jovem não chamaram mais atenção do que um de seus objetos.

("Ei, esqueceu a sua...Estaca")

Willow é a típica garota tímida, estudiosa e que entende de computadores, o que faz dela a vítima favorita de Cordelia quando esta quer discutir moda. O aspecto indefeso da personagem chama atenção de Buffy.

("Willow, certo?")

Além de inteligente, a ruiva é bastante prestativa, até mesmo com quem geralmente a trata mal, e fica feliz por Buffy não ser como muitas outras.

(Tão fofa, *_*)

Jesse é parecido com Xander, o jeito de curtir uma resenha e tal, o personagem não ganhou muito destaque, mas fica evidente a sua queda por Cordelia.

(Sorry, Jesse é platônico, ^^)

Pra completar a alicerce e entrarmos no que, de fato, é o chamativo da série para com o público, entra em cena o bibliotecário inglês Rupert Giles (Anthony Stewart Head), que na verdade é o novo sentinela da Caçadora (o anterior, Merrick Jamison-Smythe (Donald Sutherland), morreu no filme).

("Esse não foi o livro que eu pedi")

A jovem se sai, mas quando um corpo aparece no armário do colégio (o rapaz que foi morto no início), Buffy decide investigar. Ela encontra marcas no pescoço da vítima, o que lhe faz voltar a Giles e ter um momento que merece destaque. Nós vemos a postura rígida da personagem ao dizer que deseja levar uma vida normal, o que mostra o quanto Buffy ainda precisa amadurecer, afinal, ela não pode negar o seu dom, que envolve habilidades sobre-humanas capazes de enfrentar seres demoníacos, ela é a Caçadora que despertou nessa geração. E sabe-se que em cada geração, somente há uma Caçadora com esse dom (para outra despertar e ser chamada, é necessário que a que está ativa morra). Por mais que Buffy queira fugir de seu destino há pessoas inocentes que precisam da sua ajuda. Isso resume parte do contexto da série, um acerto no roteiro, pois mostra que, acima de tudo, Buffy também é humana e anseia por coisas normais, o que nos faz próximo dela. Uma surpresa até engraçada é que após toda essa conversa, vemos que Xander se encontrava por trás dos livros e diz para si: “O quê?” (uma forma criativa de incluir o personagem na trama voltada ao submundo). 

Para a “sorte” da loirinha, o colégio fica acima de um centro místico conhecido como Boca do Inferno, uma espécie de portal que separa o Mundo dos Humanos do Mundo das Bestas, em outras palavras, um atalho para o Apocalipse. Não é atoa que esse centro atrai muitas forças negativas, principalmente vampiros, e dentre eles, o mais ambicioso, o Mestre (Mark Metcalf).

(O vampiro se encontra misticamente preso num Covil)

Os seus súditos mais fiéis são:

(Darla (Julie Benz) uma vampira audaciosa)

(Luke (Brian Thompson) um vampiro grande e bruto)

Mesmo podendo estar livres, os vampiros parecem manter a fidelidade a seu Mestre, uma sacada legal se considerarmos a cultura vampiresca, que em boa parte dos clãs existe o respeito para com aqueles mais antigos. Algo negativo, dependendo do ponto de vista, pode ser o fato dos vampiros serem tratados como demônios e não como aqueles seres belos e sedutores.

Além do colégio e do Covil, outro lugar que já deixa marca como ponto de encontro é o Bronze, um bar onde os jovens adoram festejar. A ida de Buffy a esse lugar merece um destaque, no meio caminho ela sente que está sendo seguida e opta por um caminho alternativo. De fato, alguém estava atrás dela, mas esse alguém é surpreendido por Buffy e ao dar as caras se mostra um jovem misterioso. No atrito à distância, ele diz que se chama Angel (David Boreanaz) e que sabe que ela é a caçadora, dá até uma caixinha pra ela, deixando Buffy curiosa, e nós também. 

(“Let’s just say, I’m a friend”)

Por que dei atenção a essa cena? Porque, além do mistério em volta de um novo personagem contribuir para série, ela mostrou a estratégia e a força de Buffy, deixando claro que não existe isso de “loira burra” e que nem toda mulher é indefesa, um cisco na visão machista.

No bronze, há um momento interessante entre Buffy e Giles, que pede para ela examinar as pessoas que se encontram no local, uma forma de fazê-la treinar o seu sentido de caça, é como se as palavras dele a guiassem para um caminho que ela já conhece, mas que ainda precisa de incentivo para trilhar.

("Você pode me dizer se tem algum vampiro ali?")

A cena encerra com um alívio cômico que só poucas séries conseguem fazer sem perder o ritmo, Buffy acha um vampiro rapidamente só pelas suas roupas, ^^, uma espécie de sátira e, ao mesmo tempo, homenagem àqueles vampiros de filmes clássicos. 

O preço de um lugar como o Bronze é que também atrai os seres da noite quando querem escolher vítimas desavisadas, como Jesse, que tenta se chegar numa desconhecida (nem sempre é uma boa ideia). 

("Então, uh, como disse que era mesmo seu nome?")

Willow também não escapa, pois graças ao conselho de Buffy sobre “aproveitar a vida”, ela se deixa levar por Thomas, o rapaz que foi identificado como vampiro. É a imagem de uma garota se arriscando “forçadamente” como acontece muito por aí a fora. A loirinha repara que usou as palavras na hora e no lugar errado e, instintivamente, assume sua postura de Caçadora, o que mostra a indecisão da personagem consigo mesma já que ela deseja pelo normal e acaba indo atrás do anormal, é algo sutil, quase ninguém percebe, mas ao reparar bem e trazer para a realidade o que a cena quer mostrar além do óbvio, nos faz refletir se sabemos mesmo o que realmente queremos.

Ao se preocupar com alguém que ela mal conhece, Buffy demonstra um lado nobre, o que implica que apesar da imaturidade, ela é uma pessoa que quer fazer o bem, assim como Xander, que a surpreende e mostra está por dentro de seu segredo, o que poderia render uma longa conversa, mas o roteiro contorna a situação de forma genial.

("Por acaso está no meu boletim? Colocaram no Jornal?")

Haha, alguns diálogos podem soar bobos, mas são pontos chave para que as coisas fluam de forma bastante natural. Ambos vão atrás de Willow, que foi levada a um mausoléu, a jovem fica assustada quando Jesse surge machucado (mordido no pescoço), vítima de Darla. Nesse momento tenso, que mostra o outro lado da série, algo mais soturno, eis que aparece a heroína, acompanhada de Xander, com seu jeito sarcástico frente ao perigo, um diferencial que faz da personagem ainda mais querida, mas que sacrifica um pouco da tensão, transformando todo aquele clima de perigo em algo raso... Até então ela estava se sustentando, principalmente, no carisma dos personagens e no leve suspense, mas agora nós vemos a Caçadora em ação com direito a famosa estaca no coração e redução de vampiro a cinzas (os efeitos especiais são bem simples, ainda sim, ajuda a prender os olhos na tela). O final do episódio é de roer as unhas, como se já não bastasse as pontas deixadas no decorrer da estreia, Xander, Willow e Jesse acabam cercados por vampiros, e Buffy sendo encurralada por Luke após derrotar Darla. A necessidade de ver o desfecho é quase incontrolável, pelo menos para quem se deixou levar pela magia do show, que se tenta enfeitiçar não só os adolescentes, como também os mais grandinhos.

("Eu não ligo")
Luke pode não ligar, mas a gente liga, ^^. Assim como o episódio, a crítica, que está mais para comentário, também é divida em duas partes, portanto, a primeira também encerra por aqui exigindo uma conclusão, em que no fim eu abordarei os episódios 1 e 2 como um todo.

 

domingo, 10 de agosto de 2014

[Enfeitiçados, entediados e confusos] Rupert Giles: de Pai para filhos


Por Flávia "Buffy" Summers


“Você culpa seus pais por tudo....isso é um absurdo. São crianças como você. O que você vai ser quando crescer?” Legião Urbana – Pais e filhos

Pois bem amigos caçadores, este verso da belíssima letra do Legião nunca foi tão bem definida para retratar a dinâmica entre pais e filhos no Buffyverse. E até mesmo o maior deles, aquele que adotamos como nosso grande exemplo, já teve seus momentos de filho rebelde antes de se tornar um verdadeiro pai para todos nós. 



Ele nasceu Sentinela, alguém imponente e responsável em dar continuidade a uma Sociedade de Homens que guardam as caçadoras. Mas isso não foi suficiente para ganhar o respeito de todos. Afinal, respeito é algo que se impõe e não se exige. O jovem Ripper não queria assumir o legado milenar de seu pai, e assim, viveu seus momentos de instabilidade nesta dinâmica. Como todo filho que se nega a obedecer algo já pré-definido em sua vida, ele não foi diferente e ignorando tudo que nasceu para ser, virou um roqueiro rebelde e acabou se tornando parte de uma turma barra pesada. Assim virou “O Estripador”. Alcunha que por si só já arranca calafrios de todos. Embora em todo o seriado não ficou muito evidente tudo que ele aprontou em sua juventude, não é tão difícil imaginar que ele deve não ter sido fácil, como Cordelia observou em Gingerbread ao vê-lo arrombar uma das portas da Prefeitura.

O jovem Ripper: o cara não era fácil não!


Toda esta onda de garoto rebelde teve fim quando um de seus amigos da turma morreu durante um ritual em que criaram um Demônio, que passou a perseguir e matar um por um deles. Como consequência dessa tragédia, Ripper então virou Rupert Giles, abraçando sua condição. Após anos de estudo em Londres, ele se muda para Sunnydale ocupando o lugar de Merrick, antigo Sentinela de Buffy, morto durante uma invasão de vampiros no Hemery School. Como sua missão e da caçadora também são sempre sigilosas, Giles vira o bibliotecário do Colégio. Um disfarce bem apropriado para “o livro com braços”, alguém com tanta inteligência e o conhecimento necessário para ensinar uma garota perdida. Quando encontra a Senhorita Buffy Summers, já mostra a ela o que deve fazer numa clara demonstração do quanto os Sentinelas foram criados para se preocupar apenas com a missão. 

Como Sentinela, Giles também era impecável!

A relação de Giles e Buffy partiu de uma forma interessante, pois de início, a caçadora se mostrou alguém teimoso e insolente com um abuso de linguagem fora do comum, como bem define em sua primeira anotação lida por Wesley em Bad Girls. Certamente depois de conhecer Buffy, as páginas de seu meticuloso Diário foram alteradas de uma forma inimaginável para Sentinela e Caça-Vampiros. Ao longo do tempo, a garota teimosa e insolente deu espaço a uma moça forte e determinada e o Sentinela de fala contundente e objetiva a de um Pai, figura que estava vaga na vida de Buffy devido a relação inexistente com o mesmo após ter visto seu primeiro vampiro. Algo bom e lindo, certo? Não para o Conselho de Sentinelas, que percebeu que esta aproximação era nociva para séculos e séculos de Regras e Leis ortodoxas no combate ao Mal. Com isso, Giles acabou pagando por todo seu apreço para com Buffy. Foi demitido e só reempossado depois de muita barganha entre Buffy e o Conselho. Contudo, a relação seguiu inalterada, ou melhor, mais forte e indestrutível. Chego até a pensar como seria maravilhoso que este "Pai adotado" se cassasse com Joyce, a mãe de Buffy. Química para isso eles tiveram! 

A relação com Buffy se transformou com muita sensibilidade

Se segundo o Dicionário, Sentinela tem sinônimo de “aquele que cuida, guarda” e segundo o ditado popular, Pai é aquele que cria, cuida, podemos afirmar que Giles casou perfeitamente com ambas as definições. E não se arrependeu disso, pois a “fraqueza” de se tornar mais humano para lidar com Buffy, o tornou mais forte diante de todas as pressões impostas pela árdua luta entre o Bem e o Mal. Com seus altos e baixos, típica relação de pais e filhos, que na verdade são filhos e pais. Aqueles que todos recorrem na hora de um afago quando se espera (Innocence), um conselho quando se faz oportuno (Never Kill A Boy On The First Date), uma bronca quando se necessita (Lies my parents told me) e a aprovação quando se merece (Chosen). 

Anya, Buffy, Willow e seu lado Dark:
é ou não é difícil ser um Pai circunstancial?

Acredito que só se obtém sucesso como Pai quem bem absorveu as duras lições de amadurecimento como filho, com toda sua experiência de andar pelo outro lado da moeda. Giles é desse tipo e por isso se transformou fácil no Pai verdadeiro para Buffy, para Dark Willow quando a mesma o chama de “papai” em sua chegada triunfal em Two to go. Mesmo em seu estado mais ferino, a garota ratifica tudo aquilo que já sabemos. Para Willow em Lessons, e até para quem já foi um Demônio como Anya, quando o abraça suplicando sua atenção para com seus cabelos loiros em Grave. Enfim, nós do Buffyverse, nos juntamos a elas, o adotamos e abraçamos como nosso exemplo nesta data especial. 

E desde já desejo a todos deste universo maravilhoso, um ótimo Dia dos Pais!

terça-feira, 5 de agosto de 2014

[Metamorfose] Cordelia: de fã imperfeita a uma perfeita Heroína


Por Flávia "Buffy" Summers

“O sacrifício ao longo do caminho é abrir mão – involuntariamente ou não – de tudo que é desnecessário para o cumprimento dessa tarefa. O descascar sucessivo das camadas de uma cebola revelando a essência do propósito da vida. Este propósito não é a felicidade pessoal, pois ninguém consegue mais que momentos passageiros dela. Na verdade, é o propósito de crescer, de tornar-se. No final das contas, não é o destino, mas a jornada que realmente conta.” A caça-vampiros e a Filosofia – Medos e Calafrios em Sunnydale – pag.246



“Antes de ser uma caça-vampiros eu era não quero dizer fútil, mas digamos que uma pessoa que eu prefiro deixar anônima...chamemos de Cordelia parecia uma Filósofa clássica perto de mim”

Esta frase foi dita por Buffy no episódio Helpless da terceira temporada. Depois que perde os poderes graças à intervenção do Conselho de Sentinelas, surge a incerteza de não saber o que fazer da vida se não pudesse mais ser uma caça-vampiros. A única certeza que tinha era que não queria regredir, voltar a ser a “Cordelia” do colégio. 

Inicialmente, o nome Cordelia foi o adjetivo para todas as garotas fúteis e esnobes, que sem se preocupar com mais nada além de azarar garotos de faculdade e a qualidade da linha de cosméticos que estão usando, eram as mais populares dentre todas as alunas. As chamadas as poderosas da turma, as meninas malvadas. Aquelas que davam as cartas, colocavam os rapazes de quatro e as moças mais incautas eram impiedosamente humilhadas. A bela Cordelia Chase era o centro das atenções neste sentido em Sunnydale High e liderava sem restrições seu grupo de Corderettes, que como requisito tinham de ser como ela e apoiar tudo que a mesma dizia. Cordelia reinava absoluta em seu pequeno mundinho, até que um dia, a entrada de uma aluna nova mudaria sua vida. 

A empatia inicial com Buffy já no primeiro episódio:
Cordelia nem imaginava que este encontro mudaria sua vida

Como era de Los Angeles, a Terra dos sonhos da patricinha, Buffy logo no primeiro dia de aula entrou para sua seleta lista, claro, após um teste oral sobre tudo que era “importante” na época. Mas passada toda a empolgação, Cordelia percebeu que Buffy não poderia fazer parte de seu mundo. Aos seus olhos, a loira perdera o potencial que tinha quando resolveu se juntar com a turma dos “perdedores” liderados por Willow e Xander, presidentes do Fã-Clube “Eu odeio Cordelia”. Daí, a interação entre a caçadora e a patricinha é colocada de lado, com Cordelia aparecendo esporadicamente até se tornar vítima de uma das garotas que cansou de humilhar. Mesmo não sendo a amiga que queria que fosse, Cordelia soube que a única que poderia salvá-la era Buffy, a quem achava que fazia parte de uma gangue por conta de suas armas e excentricidade. Este momento de extremo perigo voltou a aproximá-las, com a patricinha fazendo uma surpreendente confissão sobre se sentir sozinha. Este foi mais um ponto em comum entre ambas, pois como caçadora, Buffy também se sentia sozinha. 

A solidão que ambas viviam mesmo em mundos diferentes
de confissão ao ponto de partida na relação fã e ídolo

Ao abrir seu coração, Cordelia também abriu a possibilidade de se tornar alguém melhor e depois que o Mestre quase ascendeu, ela fez parte da equipe que ajudou a derrotá-lo (a Scoobygang original), salvando no soar do gongo as vidas de Willow e Jenny perseguidas por vampiros famintos. Contudo, o processo foi doloroso para ela, afinal para a garota mais popular do colégio ser vista com aquele bando de perdedores, namorando um deles, caçando demônios, se reunindo na biblioteca, passeando pelo cemitério e pesquisando Monstros horríveis, não era algo que garantia o futuro que ela almejava. 

“Não sei por que vocês me arrastam para isso” - Killed By Death. 

Se naquela época ela já tivesse consciência de sua predisposição em ser heroína, saberia responder a esta indagação, pois coragem não lhe faltou para deixar de lado tudo que antes acreditava em nome do “Bem maior”. O pontapé inicial veio depois que enfrentou Harmony, sua amiga e corderette favorita após seu romance com Xander ser descoberto. Esta relação pode ter sido o combustível que ela precisava, mas certamente a influência de Buffy em salvar vidas foi o que a motivou a mudar sensivelmente. Sempre tive pra mim que desde o início, Cordelia se viu em Buffy. Suas mudanças de comportamento vêm do fato de Buffy ser seu espelho no Hemery High School e seu oposto no Sunnydale High. Tipo alguém colocar um espelho em sua frente e você não gostar do que vê. Buffy não ligava para o que os outros falavam durante o dia, pois quando caía à noite, isso não importava muito. Assim Cordelia percebeu que a caça-vampiros não precisava se esforçar para ser aceita por todos, pois estava destinada a fazer coisas grandiosas que nem ela e suas amigas com todo o dinheiro que possuíam poderiam fazer.

Este diálogo de Homecoming da terceira temporada:
o melhor e definitivo para o futuro da patricinha

“Eu te respeito demais para ser desonesta” - Reptile Boy. 

Esta personalidade heroica de Buffy lhe chamou a atenção, conquistando dela o respeito. Isso seguiu-se até mesmo quando foi traída por Xander e depois de quase morrer por conta do caminho que escolheu. Num ato de desespero apontou Buffy como responsável por toda sua falta de sorte e assim quis regredir, voltar a ser aquela Cordelia detestável de antes. Um recuo não premeditado em sua evolução. Em The Wish, seu desejo de que Buffy nunca tivesse vindo para Sunnydale, tornou a cidade inabitável para humanos. Só quando se deu conta da besteira que fez, não hesitou em colocar a incrível Buffy na jogada novamente. E quando Giles expôs a ideia de uma Cordelia já morta, Buffy dispara: “Ela deve ser minha fã”. Se lembrarmos de Homecoming onde Buffy queria ser a Rainha do Baile, poderíamos inverter os papéis e agora a caçadora ser fã da patricinha, pois segundo Cordelia, Buffy queria resgatar seus dias de glória e tentar imitá-la não tinha graça alguma para quem fazia algo maior todos os dias. Pertencendo a mundos diferentes, Cordelia já sabia que Buffy era incrivelmente melhor que ela, e vendo seu ídolo se esforçando para se parecer com alguém tão imperfeito, a deixou bastante irritada. 

No final da temporada, tivemos a luta contra o Prefeito Willkins, e mesmo magoada e ferida, Cordelia estava lá. Ela poderia ter simplesmente virado as costas para a turma de perdedores, mas o que aprendeu com Buffy não poderia ser ignorado. A maior prova de toda esta inspiração veio na cena memorável em Graduation – parte 2 onde enfia uma estaca num vampiro, no maior estilo Cordelia - The vampire Slayer. 

Vi nesta memorável cena uma bela homenagem a
Charisma Carpenter, que incialmente seria a Buffy de Whedon

No final de sua vida em Sunnydale, ao lado de quem ela estava? Buffy e a turma andando rumo a cidade Los Angeles, onde completaria seu aprendizado como uma das maiores heroínas do Buffyverse. Sendo o elo entre Angel e os Poderes que valem, martirizou-se com dores incessantes e mesmo assim não abdicou da missão incumbida quando teve chance. A oportunidade de ter se tornado uma grande estrela de TV ficou em segundo plano em Birthday da terceira temporada de ANGEL. A boa luta havia se tornado prioridade agora e no fim, depois de um bom tempo em coma, é ela quem mostra ao Herói Angel o caminho que ele deveria seguir na batalha final contra a Wolfram & Hart através de um beijo, um ato de agradecimento. Essa é uma história à parte, pois além de ganhar seu passaporte como heroína, Cordelia também ganha espaço no coração de Angel como mais uma prova de como se inspirou na essência de Buffy.

You're Welcome: aprendizado completo

A trajetória de Cordelia Chase certamente é uma das maiores e mais memoráveis do Buffyverse, que se fosse realmente dissecar tudo que representou a essência de Buffy com a redenção de Cordelia, uma postagem só não daria conta. Então deixemos assim (por enquanto), a fantástica história de uma patricinha detestável que queria ser grande e conseguiu. Não pelo caminho “mais fácil” que traçou anteriormente com seus atributos físicos, e sim, o caminho mais árduo, terrível e tortuoso que somente seus atributos humanos poderiam alcançar. Assim ela tornou-se minha heroína imperfeita. Aquela que não nasceu perfeita, mas se fez perfeita pela sensibilidade de enxergar seus defeitos, respeitar alguém acima dela e coragem de dizer “Sim” onde todos os caminhos apontavam para um “Não”.